segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

‘ Piripiri, cidade do meu coração és tu meu pedaço de chão, eu venho de Piripiri. ’


Por ser piripiriense e historiadora, creio que tenho além de enorme satisfação, obrigação de procurar saber algo mais do que se encontra por trás de poucos livros, biografias, poucas fontes o que se passou em nosso pedaço de chão. Como ocorreu sua colonização, sua formação cultural e social. Somos sabedores que esta não é tarefa fácil, já que poucos se interessaram até hoje por construções de projetos que visem o resgate, a memória e a documentação da história de Piripiri. O acervo cultural é riquíssimo, mas, se encontra por muitas vezes deteriorado, sem cronologia de fatos que levem a uma melhor análise na sua pesquisa. Mas em meio a tantas dificuldades em tentar produzir um texto que almeje um bom entendimento sobre a História de minha cidade, é que me fez querer dá contribuição ao que hoje tenho muito orgulho: Minha terra-mãe, Piripiri. E mesmo não tendo tanta bagagem quantos as outras cidades no que se diz respeito a anos de seu povoamento/fundação, também possui muitas histórias, ricas em crenças que por sua vez englobam os fatores culturais, igualmente a quaisquer outra.

Sobre a história de Piripiri, sabe-se até então que o Padre Domingos de Freitas Silva, proprietário da Fazenda Piripiri, localizada em terras outrora denominadas Botica e pertencentes a Antônio Fernandes de Macedo, que as recebera, em 20 de janeiro de 1777, através de doação ou sesmaria, construiu, no ano de 1844, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios. Ante o precário desenvolvimento da localidade, tomou a oportuna deliberação de dividir as terras em pequenos lotes e oferecê-los a quem ali pretendesse edificar. Com essa visão futurista contribui de forma significativa para o que hoje é analisado como a primeira Reforma Agrária no Piauí . Atraiu, com a iniciativa, tal afluência de moradores que,em 1857, o progresso da povoação já era um fato indiscutível. Iniciou também o cultivo das terras adquiridas na fazenda Piripiri através da criação de gado e da instalação de engenho de cana para fabrico de caçhaça. A casa da fazenda e a capela em honra a N.S.dos Remédios foram as primeiras edificações de nossa história. Logo após, abre escola de primeiras classes e latim, sendo ele próprio o professor.

O desenvolvimento do povoado foi tão promissor que em 25 de agosto de 1860 foi elevado a Distrito de Paz. Em 16.08.1870, pela Resolução 698. o Distrito é elevado à Freguesia porém, civilmente, anexado ao município de Piracuruca. Conferiu-se o título de Vila à Freguesia de Peripery pela Lei Provincial 849, de 16.06.1874, sendo instalada a 18 de setembro do mesmo ano. Pela Lei 570 publicada em 04 de julho de 1910, o governador do Estado do Piauí, Antonino Freire da Silva, eleva a Vila à categoria de cidade.

Padre Domingos faleceu em 26.12.1868, vítima de câncer. (70 anos). Nesse ano de 2010, caminhamos para o centenário de nossa Piripiri, e com isso, é preciso que saudemos a figura de nosso fundador, não necessariamente de forma positivista, mas de uma forma que venhamos a reconhecer a contribuição imensurável que ele nos cedeu para que nosso inicialmente pequeno Sítio Anajás, viesse a se tornar a nossa grandiosa e progressista Piripiri.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

' Revolução Industrial '


Bem, dias atrás estive me deliciando em livros que outrora nem imaginava que um dia voltaria a ler ou muito menos, fazer análise, entregar o meu parecer. Mas foi quando me deparei com A Era das Revoluções, obra de Eric Hobsbawn, que já conhecia por meio da disciplina História Contemporânea e através da pressão dos concursos fui apresentada a mais uma magnifica obra, A Revolução Industrial, de Roberto Antônio Iannone que me estimulou a mais uma produção, só que dessa vez assumi o papel apenas de um objeto de ligação das analises desses dois autores. ;D


Dizer ao certo onde começou a chamada Revolução Industrial foi algo que durante muito tempo integrou os historiadores, defende a data de porém Eric Hobsbawn em sua obra ‘ A Era das Revoluções: 1789-1848 1780 para o inicio do que chamou de a maior revolução da história do mundo.


A Revolução Industrial nada mais foi que uma profunda mudança tecnológica no meio de produção da sociedade inglesa, que a partir daí dar-se inicio a uma nova relação entre o termo que surge chamado de capital e também o modo de produção que foi implementado. A principal mudança se deu no meio agrícola, onde a agricultura não será mais o motor da sociedade, e sim o trabalho por meio das máquinas, gerando o que mais tarde será chamado de acumulo de capital.


Essa Revolução, trás consigo a centralização do processo produtivo nas mãos de uma pessoa que será o patrão, onde o objetivo será a obtenção de lucro. Entre esses meios de processos os trabalhadores terão o controle das máquinas.


Os processos que desencadearam essa revolução vão ser analisados em toda a produção desse trabalho, iniciando com o aumento da população que originou a falta de alimentos, bebidas, cerâmicas e outros produtos de uso doméstico, daí o surgimento de primeiras indústrias.


Essa revolução transformou e continua transformando o mundo inteiro. Foi o triunfo não somente da indústria como tal, mas da indústria capitalista. A exemplo das mudanças que estavam acontecendo na época, Roberto Antônio Iannone em sua obra ‘ A revolução industrial ‘ aponta que a expansão do comércio não só já exigia cada vez mais produtos, mas também obrigava o incremento dos transportes e da própria construção naval. As mudanças já aconteciam até mesmo no campo, na subsistência, ou no fornecimento de matérias-primas, onde se notava acelerado crescimento em todas as atividades.


O autor vem analisar os fatores de maior importância para que a Revolução Industrial fosse realizada, indicando o capital e necessariamente o seu grande acumulo que a Inglaterra em suas condições no século XVIII pôde acumular. O país já apresentava por esta época, a maior disponibilidade de capital. Ele afirma que as grandes inovações e a expansão dos negócios já atraiam os pequenos investidores. As transformações na economia e sociedade da época já estavam acontecendo.


Eric Hobsbawn analisa a revolução e as suas repercussões como algo que não se deu de maneira óbvia e inconfundível. E o que retrata isso é que somente na década de 1830 as artes, a literatura se mostram como subjugadas pela movimentação da sociedade capitalista. Só é a partir da década de 1840 que o proletariado, o comunismo abrem caminho ao continente. O autor aponta esta revolução como algo que não foi um episódio com principio e fim, até mesmo por que a sua importância foi a mudança revolucionária que depois sela, eclodiu. Ele considera como seu ponto de partida os anos que transcendem 1780 a 1800.


A revolução como já exposto e deve ser considerada sem dúvida alguma, como o mais importante acontecimento desde a invenção da agricultura, da metalurgia e das cidades. E em relação a sua produção, e aos métodos utilizados, Hobsbawn afirma que foram necessários poucos refinamentos intelectuais para que ela viesse a acontecer, onde as invenções feitas na época, em hipótese alguma estavam além de invenções técnicas bastante modestas, nas quais os próprios artesãos, carpinteiros, moleiros e serralheiros se lançavam a produzir, sem necessidade alguma de conhecimentos em física e outras ciências.


Entre 1795 e 1846 sobre os proprietários rurais e os homens de negócio, os primeiros achavam como único modo tentar erguer uma ultima barreira que pudesse impedir o avanço da mentalidade industrial. E os últimos, estavam em meio a tantas transformações, engajados no processo capitalista de conseguir mais dinheiro, pois a maioria da Europa do século XVIII vivia um período de prosperidade e de expansão econômica. Algo que existia na sociedade de investidores, comerciantes e empresários, também muito comum na época, era a compra de mercadorias em lugares mais baratos e a venda em mercados bem mais caros.


Sobre as economias da época, Iannone aponta para o setor algodoeiro como aquele que ‘ experimentou ‘ certo pioneirismo, onde a maior parte das inovações ocorreu. Hobsbawn afirma que a importância do algodão nesse processo de industrialização foi algo de suma importância. Bem mais barato do que a lã, o algodão conquistou o mercado doméstico, logo depois o mercado exportador. Foi o comercio colonial que criara a indústria algodoeira, e ainda continuava alimentando-a. Outro fator importante e que merece destaque ao se frizar, é de que pelo menos em um primeiro momento da revolução industrial, a escravidão esteve presente sem dúvida nenhuma de maneira bem significativa.


O autor faz analise dos primeiros anos da década de 1780, e a revolução industrial nesse período como a vitória de mercado exportador sobre o doméstico por conta também da expansão do mercado ultramarino. Iaonne segue a mesma visão de Hobsbawn, onde afirma que a partir da segunda metade do século XVIII, a produção que era tipicamente artesanal e domiciliar passa para a fábrica. Daí a expansão de maiores níveis de produtividade foi segundo ele, uma questão de tempo. Analisa o comercio ultramarino, onde aponta que gerou o acumulo de capital, e as fábricas que já eram utilizadas em maior grau, assim como o maquinismo, o que alterava consideravelmente o equilíbrio político-econômico mundial e submetia as nações a uma disseminação inglesa. Nesse momento o algodão vai propiciar aos empresários privados, a chance de se lançarem o motor da revolução industrial.


Novos inventos já se expandiam e revolucionavam a época, como é o caso da máquina de fiar, o tear a motor. Até a década de 1860, as fábricas eram essencialmente têxteis ligadas predominantemente aos termos de engenhos algodoeiros.


Em relação ao seu progresso, Hobsbawn analisa-o como algo que estava longe de ser considerado tranquilo. As suas oscilações de preço produziram em princípios de 1840 grandes problemas de crescimento e agitações sociais gerando miséria e o descontentamento da população que não era formada apenas pelos trabalhadores pobres, mas como também pelos pequenos comerciantes, a pequena burguesia, e outros setores especiais da economia já estavam sendo prejudicados pelas transformações que a revolução industrial veio trazer. Para os capitalistas, essa decadência só parecia haver certas falhas que ameaçavam seu objetivo fundamental, o de lucrar.


As vantagens que gozavam os grandes industriais sobre o beneficio, por exemplo, gerado pela inflação sobre o lucro, começaram depois de 1815 a diminuir cada vez mais, devido até a redução da margem do último. O autor aponta que em primeiro lugar, isso foi gerado graças a revolução industrial e a competição no mercado, que provocaram queda constante no preço. E sem segundo lugar, depois de 1815 a situação geral dos preços se encontrava em deflação, o que propiciava os lucros longe de impulsos extras, sofrendo o que poderíamos chamar e analisar como um retrocesso. Ele vai dizer que os alavanques da revolução industrial e o aumento da produção se deu pela transformação social e não tecnológica.


Já Iannone, em análise do que realmente foi essa revolução, afirma que correspondeu à revolução do processo produtivo, pois deixa de produzir através da manufatura e passa-se a mecanização, maquinofatura. Apontando o homem em primeiro caso como agente produtivo e a produção estaria limitada por sua habilidade, capacidade física. E em segundo, o talento e a criatividade comandavam a produção, já que o esforço ficava por conta da maquina sob comando do homem como já foi exposto. Ele a analisa como um progresso definido pelos otimistas como miraculoso e pelos pessimistas como uma desarticulação catastrófica no equilíbrio social do homem.


O que se pode concluir através da analise dos dois grandes autores é quem sem duvida alguma, este foi um acontecimento extremamente importante para a humanidade, pois mudou além do processo produtivo, o valor nominal das coisas, isto é, os produtos deixaram de ser manufaturados e passaram a ser maquino faturados, o que fez com que o processo produtivo fosse muito mais rápido e permitisse uma produção em massa, permitindo assim colocar no mercado mais produtos, revolucionando o sistema de produção.


Com isto, a população ganhou ao longo do tempo maior poder de compra o que conduziu a melhorias nas condições de vida da população, alcançando um rendimento mais elevado, aumentando o espírito consumista e estimulando assim a economia. Todos estes fenômenos em conjunto foram responsáveis pelo crescimento econômico elevado que se verificou seguidamente e que viria a ser travado apenas anos mais tarde por uma crise inflacionista que reduziu de novo o poder de compra da população e criou uma serie de fatores reversos.